quarta-feira, 11 de junho de 2008

viagem ao espaço sideral



Confesso que durante toda a minha vida eu deva ter andado de ônibus – digo aqueles que transitam de um terminal para outro, dentro da cidade – algumas pouquíssimas vezes. Talvez hoje eu sinta falta dessa falta de experiência.

Certa vez tive que fazer uma viagem solitária de trem. Foi tudo um tanto quanto estranho. Se nem ônibus sei pegar direito... que dirá trem! Trem?! Até metrô sei utilizar melhor – que não pareça aqui que sou uma patricinha que tem aversão por transportes urbanos, por favor!


Bem. Assim fiz. Fui jogada na estação da Parangaba, que estava só os caquinhos na época por conta da construção do nosso querido Metrofor. Não sabia ao certo por onde entrar, afinal quase não havia fluxo de passageiros para que eu pudesse, pelo menos, seguir. Fui andando apenas pelo feeling, com cabeça torrando devido ao sol escaldante da nossa cidade da luz. ÊÊÊÊÊÊ! Consegui entrar. Foi embaraçoso... pois havia um guarda na catraca e eu me atrapalhei com os equipamentos fotográficas que carregava comigo...em cima de mim.

Ao entrar avistei uns banquinhos, nenhum na sombra =/. Sentei. Passaram-se alguns minutos e nada. Andei um pouco, fiz algumas fotos do ambiente inóspito. Voltei e sente novamente. Começaram a aparecer pessoas. Uma Sra. Sentou do meu lado com seu neto, que por acaso era uma gracinha. Perguntei: “que horas que o trem chega?”. Ela disse: “daqui a pouco”. E era verdade. Passaram-se uns dois minutos e meio e lá vinha a Maria-fumaça. Entrei. Um rapaz disse para eu ter cuidado com a minha câmera, pois de vez em quando ocorriam alguns assaltos no trem. MEDOOO. Passou rapidinho.

No vagão que eu entrei não tinha vival’ma. Fiz a viagem sozinha. Fotografei vazios e silêncios. Pela janela tudo corria e não dava tempo dos meus olhos alcançarem as imagens e elas ficarem guardadas comigo para sempre... ou por um instante sequer. Parecia um vôo. Parecia um túnel por dentro da cidade. Zum, zum, zummmmmmm. Nenhuma imagem se configurava objetivamente para mim. Achei magnífico. Diferente do metrô que já andei, onde só se vê a escuridão “lá fora”, no trem eu via um zás-trás de cores se misturando e pedaços de pessoas sumindo.

Determinaram que eu descesse na João Felipe, a estação. Assim fiz. Desci. Nessa estação tinha um volume maior de pessoas, mas também já era de tardezinha... horário de voltar para casa. Passaram-se uns 10 minutos e a estação lotou. As pessoas entravam no trem rapidamente. Olhando aquilo tudo de longe e de cima – subi em um pára-peito que havia por lá – parecia uma coreografia sincronizada de um show da Madonna. Bonito de se ver. O sol à pino... as pessoas se transformavam em manchas pretas ao contra-luz.

Todos entraram. Vazio de novo. Desci do pára-peito e a Maria-fumaça se despediu, quase chorando. E eu também.

Acho que vou tomar um café.